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Manuel Goto, Comandante das Forças em Ressano Garcia, Acusado de Envolvimento no Assassinato do Blogueiro Mano Shottas

 


Manuel Goto, também conhecido como "Goto Goto", é uma figura central nas recentes tensões em Ressano Garcia, onde assumiu o comando do Regimento Misto, composto pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR), Polícia de Fronteiras e Polícia Marítima. Sua chegada à cidade tem gerado preocupação entre moradores e manifestantes, especialmente após o assassinato do blogueiro Mano Shottas durante um protesto que ele estava cobrindo ao vivo. Goto Goto, natural da Beira, é uma figura polêmica, associada tanto a operações militares em Cabo Delgado quanto a métodos de repressão em contextos de agitação civil.

Antes de ser transferido para o Regimento Misto em Ressano Garcia, Manuel Goto teve uma longa trajetória nas forças especiais de Moçambique. Ele foi agente do Grupo de Operações Especiais (GOE) por muitos anos, sendo conhecido pela sua atuação enérgica em missões de combate e segurança. Durante seu tempo no GOE, Goto ganhou notoriedade pela sua capacidade de liderar em situações de alto risco, mas também pelo seu estilo rígido de comando, o que lhe conferiu uma reputação mista tanto dentro quanto fora das forças de segurança.

Sua transferência para Cabo Delgado, onde liderou operações contra insurgentes, foi um ponto crucial na sua carreira. Goto passou grande parte de seu tempo nas matas de Cabo Delgado, coordenando ataques militares contra grupos armados em uma das regiões mais voláteis de Moçambique. A sua gestão da segurança em Cabo Delgado é vista com ambiguidade; por um lado, ele foi elogiado pela eficácia das operações, mas por outro, enfrentou críticas por supostos abusos contra civis e pela falta de distinção entre insurgentes e populações locais.

Recentemente, Goto assumiu o comando das forças de segurança em Ressano Garcia, uma área estratégica devido à sua proximidade com a fronteira sul do país. Sua chegada à cidade coincidiu com uma escalada de tensão durante protestos contra o governo, o que levou à intervenção das forças de segurança. Fontes afirmam que Goto tomou o controle da situação após a retirada do GOE, que se recusou a seguir ordens de abrir fogo contra manifestantes. Essa retirada deixou uma lacuna que foi rapidamente preenchida por Goto, cujas abordagens mais agressivas à manutenção da ordem geraram controvérsia.

A gestão de Goto em Ressano Garcia tem sido marcada por confrontos violentos entre civis e as forças de segurança, especialmente durante os protestos que se intensificaram nas últimas semanas. Sua presença nas operações de segurança é frequentemente associada a uma postura de repressão mais severa, o que tem levado muitos a questionarem sua aptidão para lidar com manifestações pacíficas. Os relatos sobre o uso excessivo da força por parte das forças sob seu comando são alarmantes, e sua reputação entre a população local não é das melhores.

O assassinato de Mano Shottas, ocorrido durante uma dessas manifestações, aumentou ainda mais as tensões em Ressano Garcia. O blogueiro estava transmitindo ao vivo quando foi baleado, e as suas últimas palavras, desesperadas, capturaram a tragédia de um momento que parecia já fora de controle. A morte de Shottas gerou uma onda de indignação em todo o país, com acusações de que a violência foi exacerbada pela presença de Goto e sua postura autoritária. A situação levantou questões cruciais sobre a liberdade de imprensa e a segurança dos jornalistas independentes, em um contexto onde a repressão parece estar em ascensão.

As ações de Manuel Goto, especialmente no episódio que envolveu a morte de Mano Shottas, têm sido alvo de críticas intensas de grupos de direitos humanos e da sociedade civil. Exigências de investigação independente e de punições para os responsáveis pelo assassinato do blogueiro têm se intensificado, com um apelo claro para que Goto e outros envolvidos sejam responsabilizados. O governo moçambicano enfrenta agora uma pressão crescente para garantir que a justiça seja feita, ao mesmo tempo que analisa a condução das forças de segurança sob o comando de Goto. A necessidade de reformar as práticas de segurança no país, com maior respeito pelos direitos humanos, tornou-se mais evidente do que nunca

Em resumo, Manuel Goto é uma figura central e controversa nas operações de segurança de Moçambique, especialmente após a sua transferência para Ressano Garcia. Seu papel no assassinato de Mano Shottas e sua postura agressiva em relação a manifestações e protestos levantam sérias questões sobre os métodos de repressão em Moçambique. A sociedade civil e organizações internacionais continuam a exigir uma investigação rigorosa, esperando que a tragédia sirva de ponto de inflexão para mudanças significativas nas políticas de segurança pública e na proteção de jornalistas no país.


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