O caso das "Dívidas Ocultas", um dos maiores escândalos financeiros da história de Moçambique, ganhou um novo impulso judicial. Um tribunal em Londres autorizou a inclusão dos herdeiros do falecido empresário franco-libanês Iskandar Safa como réus no processo. A medida visa garantir o pagamento de uma indemnização avaliada em cerca de 112 mil milhões de meticais, o equivalente a aproximadamente 1.9 mil milhões de dólares.
Iskandar Safa, dono da empresa naval Privinvest, foi considerado culpado por atos de corrupção envolvendo o ex-ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang. As investigações revelaram que a Privinvest pagou subornos em troca de garantias estatais para empréstimos contraídos por empresas públicas moçambicanas entre 2013 e 2014. Esses empréstimos, supostamente destinados à segurança marítima, deram origem às chamadas "Dívidas Ocultas", com prejuízos devastadores para o país. A sentença contra a empresa foi emitida em julho de 2023, poucos meses após a morte de Safa, ocorrida em janeiro de 2024.
Com a decisão recente do tribunal britânico, a viúva Clara Martinez Thedy de Safa e os filhos Akram Safa e Alejandro Safa passam a responder judicialmente como sucessores legais. O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República de Moçambique como forma de assegurar que os valores devidos sejam efetivamente ressarcidos ao Estado. A inclusão dos herdeiros marca um passo importante na luta por justiça e responsabilização neste emblemático processo de corrupção.