História não se mede pela idade: resposta ao engenheiro sobre declarações de Daniel Chapo

 


Permita-me recordar que a profundidade do conhecimento histórico não se mede apenas pela idade ou pela experiência direta, mas sobretudo pela capacidade de estudar, analisar fontes e compreender o legado de um conflito que marcou profundamente Moçambique. O Presidente Daniel Chapo, como qualquer cidadão ou líder comprometido com a memória do seu país, tem plena condição de se informar através de documentos, arquivos históricos, relatos de especialistas e testemunhos de sobreviventes da guerra.

A Guerra Civil Moçambicana (1977-1992) foi amplamente estudada e documentada por académicos, instituições internacionais e mediadores dos Acordos de Roma. Negar a autoridade de alguém para refletir sobre este período só porque não o viveu na idade adulta é ignorar o valor da pesquisa histórica e do estudo crítico. Se seguirmos essa lógica, nenhum jovem historiador ou líder poderia analisar eventos anteriores ao seu nascimento um pensamento totalmente incoerente.

Além disso, a comparação feita pelo Presidente Chapo diz respeito ao impacto social e humano dos conflitos, e não a uma disputa sobre quem os viveu de forma mais intensa. É legítimo discutir se os distúrbios pós-eleitorais, com toda a sua violência e divisão, podem ter efeitos tão duradouros quanto uma guerra de 16 anos mas isso exige um debate sério, sem reducionismos nem ataques pessoais.

Em vez de desviar o foco para idades ou vivências pessoais, o essencial é refletir como evitar que qualquer forma de violência, seja ela histórica ou contemporânea, volte a assolar Moçambique. A história ensina mas apenas para quem a estuda com humildade, respeito e sentido de reconciliação nacional.

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